O Shimmie de quadril

Por Maristela Rosa

“O shimmie”, assim que escolhi falar desse assunto, pensei: Deus, por quê? Que ideia péssima!  Isso porque esse é o movimento mais básico e ao mesmo tempo mais complexo na dança do ventre. Básico, porque não se pode pensar a dança do ventre sem ele, é um dos primeiros movimentos que aprendemos assim que iniciamos nas aulas. E complexo, porque até o fim da vida a bailarina vai ter a convicção de que seu shimmie poderia ser melhor.

Antes de falar dos problemas, vamos tentar conceituar o movimento. O que é o bendito shimmie afinal? Segundo o site Dança do Ventre Brasil, além de ser “o terror da maioria das bailarinas” o shimmie é “aquele tremido que se faz ao ouvir percussões dedilhadas, ou instrumentos de corda dedilhados (qanoun, alaúde, violino), e em alguns casos até ao som de uma flauta floreada. O movimento transmite uma profunda conexão da dançarina com a melodia, é como se o som reverberasse pelo corpo dela, como se ela estivesse em total imersão na música”.

O blog da bailarina Fabiana Mahasin explica o movimento de maneira ainda mais didática: “Shimmie significa tremido ou vibração. É este o resultado que deve ter no quadril. O trabalho fica com os joelhos, mas o resultado acontece no quadril”. Todas essas explicações dão conta de um movimento que consiste basicamente em alternância de flexibilização dos joelhos.

“Pés na sexta posição do balé, ou seja, pontas dos pés apontadas para frente e joelhos relaxados. Começa um movimento de alternar os joelhos, enquanto o direito vai para a frente  o esquerdo permanece alongado, quando o joelho direito começa a voltar o esquerdo é levemente flexionado e assim vai alternando”. (Blog Fabiana Mahasin) Essa é a descrição mais clara que encontrei sobre o shimmie.

Lendo assim pode até parecer fácil (ou não, #SóqueNão, com certeza não), mas os problemas são muitos: shimmie descoordenado (quando a pessoa não consegue alternar bem os joelhos), shimmie deslocado ( quando a ideia é movimentar o quadril, mas a bailarina acaba tremendo o troco a cabeça e até o cabelo) e o shimmie travado (esse é o terror mesmo! Quando o movimento não sai de forma fluida e fica com aspecto de tranco).

Para todos esses problemas o remédio é um só: treino! Quanto maior a prática, melhor será o seu shimmie. Mas há algumas dicas interessantes para que você realize o movimento de maneira mais confortável:

  • Entenda o Shimmie: não pense no movimento como sendo uma extensão do joelho, não o empurre para trás com força. O que faz o movimento é a leve flexão dos joelhos de forma alternada, não a sua extensão. Isso vai ajudar na coordenação do movimento.
  • Relaxe o corpo: Calma, em primeiro lugar! Se você estiver tensa na hora do movimento ele não vai sair como deveria e vai acabar reverberando por todo o corpo. Assim, em vez de ser um tremido de quadril será um tremido de corpo. PÉSSIMO, NÉ? Então, mantenha a postura, mas não tencione o corpo.
  • Alongue-se: O shimmie é um movimento que exige o trabalho de vários ossos e músculos. Assim o alongamento se faz extremamente importante. Neste caso recomendo o texto do blog da Elis Pinheiro. Ela explica direitinho como conseguir aquele shimmie solto lindo!
  • Pratique: Como eu disse anteriormente o treino é a peça chave para a limpeza do movimento. Mas prática sem técnica não adianta nada! Assim, estude e pratique, SEMPRE!

Separei alguns vídeos que pra mim mostram muito bem como um shimmie bem trabalhado faz a diferença. Antes de assisti-los, porém, é importante dizer que há várias variações desse movimento: shimmie solto, de tenção, com deslocamento, integrado a outros passos…

O objetivo deste texto e introduzir o shimmie no nosso caderninho de estudos. Este é só um pontapé inicial pra que você procure aprender , praticar, estudar e aperfeiçoar este movimento em seu corpo.

Agora vamos aos vídeos:

Bom, Fifi Abdo é a referência máxima quando falamos em shimmie solto. Reparem na leveza e na tranquilidade com que ela faz o movimento. A alternância dos joelhos e mais espaçada, o que dá uma amplitude maior ao movimento.

Minha professora Rafaela Alves também é um exemplo de shimmie a ser seguido. Esse vídeo que eu escolhi, em especial, mostra um shimmie solto, mas também shimmie com deslocamento e associado a outros movimentos. É punk, não é pra qualquer um, mas um dia a gente chega lá! Apreciem:

Genteeeeee!!!!! O que é este vídeo? Que pessoas privilegiadas essas que estavam lá, vendo essas belezas ao vivo! Invejinha… Bom, repare como todas as bailarinas envolvidas tem um domínio enorme do quadril e ao mesmo tempo em que estão fazendo um shimmie frenético tem o resto do corpo super sereno e relaxado, apesar de manterem a postura. Reparem ainda de como o shimmie segue o ritmo da música. Sim, shimmie não é só tremido e sim tremido com ritmo! Sempre na música, galera!

Nessa questão de shimmie acompanhando ritmo outro vídeo interessante é da minha outra professora, Lorena Rusth.  No começo do vídeo, onde ela dança uma música de tango o shimmie é mais aberto, diferente da parte do derbak. O movimento segue não só o rítimo, mas o estilo da música. É o mesmo movimento, dizendo coisas diferentes. Não entendeu? Assiste aí!

No mais, continue sempre praticando e estudando. Quero ver esse shimmie soltinho e lindo, ein?!

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